Moíses parte II

O Maná do Deserto

 

Êxodo 16

Estavam terminadas as emoções da fuga do Egipto. Nunca mais lhes ia aparecer nenhum capataz de escravos.

Agora tinham de habituar-se a um novo género de vida. Com vagar, retomaram o caminho para Canaã, a terra que Deus lhes tinha prometido.

Mas não decorreu muito tempo até começarem a fartar-se da dureza da caminhada pelo deserto. Em breve esqueceram os trabalhos forçados e os maus tratos que haviam sofrido no Egipto e foram protestar junto de Moisés.

—        Porque nos trouxeste para aqui? — Queixavam-se. — No Egipto tínhamos tanta comida quanto quiséssemos. Agora passamos fome e a culpa é tua!

Moisés não sabia que responder-lhes, mas Deus disse:

—        Eu darei de comer ao povo — e explicou a Moisés o que ia suceder.

Moisés e Aarão voltaram para junto do povo com a mensagem de Deus.

—        Quando resmungaram comigo — disse-lhe Moisés —, vocês resmungaram-na verdade com Deus. Ele é que vos fez sair do Egipto e Ele vos dará alimento. Hoje é noite e amanhã de manhã vão descobrir o que o Senhor vai fazer.

Naquela mesma noite, enormes bandos de codornizes passaram em voo muito baixo pelo acampamento, sobre as tendas de pele de cabra. Muitas das aves, extenuadas pelo voo prolongado, pousaram no chão. Foi um instante enquanto as apanharam e prepararam uma ceia saborosa.

Na manhã seguinte, aconteceu algo ainda mais surpreendente. Os Israelitas olharam para fora das tendas e viram que, à medida que o orvalho desaparecia, ficavam espalhados no chão uns flocos brancos que eles nunca tinham visto. Provaram-nos e eram doces, como bolinhos de mel. Não sabiam o que era e chamaram-lhe maná, que significa «o que é isto?». Todos os dias, excepto ao Sábado, o maná ali estava, à espera de ser apanhado. Podia-se comer cru ou cozinhá-lo. Deus disse-lhes que recolhessem apenas o suficiente para se alimentarem em cada dia, excepto ao sexto dia, que deviam apanhar quantidade que chegasse para dois dias. Isto queria dizer que ninguém precisava de trabalhar no dia especial de Deus, o Sábado.

 

Água no Deserto

 

Êxodo 15, 22-27, 17, 1-7

Água!... Água!... Ninguém conseguia pensar noutra coisa. Se é mau ter fome quando, suados e extenuados, vamos a palmilhar uma terra seca e abrasante, pior ainda é ter sede..

Durante três dias o povo de Israel foi--se arrastando para diante sem encontrar água para beber. Por isso, ficaram exuberantes quando, por fim, avistaram um charco de água límpida. Os que seguiam à frente correram e ajoelharam-se para beber, mas logo a excitação que lhes transparecia na cara deu lugar a uma amarga desilusão. A água tinha um sabor horrível!

— Faz qualquer coisa, Moisés -suplicaram.

Moisés pediu a Deus que lhes valesse. Deus mostrou-lhe um bocado de madeira que estava caído ali perto e ele atirou-o à água. O gosto amargo desapareceu e todos puderam matar a sede.

Os Israelitas ficaram gratos por acampar, pouco depois, em Elim. Era um oásis muito verde e agradável, onde as palmeiras abrigavam na sua sombra doze nascentes de água cristalina e cintilante. Ali, todos beberam até estarem saciados. Mas quase logo chegou a hora de desarmar as tendas e meter pés ao caminho.

No local onde acamparam a seguir não havia nem uma gota de água. Juntou-se uma multidão zangada, que foi procurar Moisés.

—        Dá-nos água — disseram em tom ameaçador.

—        Para que nos trouxeste até aqui? Para morrermos de sede?

Moisés sentia-se preocupado e mesmo um tanto receoso. Aquela gente estava exaltada e alguns já pegavam em pedregulhos, dispostos a atirar-lhos.

—        Que posso eu fazer com esta

Gente? — Perguntou Moisés a Deus.

—        Agarra na tua vara — respondeu Deus — e vai com os anciãos do povo até uma rocha que Eu te vou mostrar. Bate na rocha com a vara.

Moisés fez exactamente o que Deus disse. Quando bateu na pedra com a vara, jorrou água fresca e límpida, que ficou a correr em quantidade e deu para todos beberem e saciarem a sede.

Como Moisés desejava que os Israelitas aprendessem a lição de que Deus olhava por eles!

 

Moisés de Braços Erguidos

 

Êxodo 17, 8-16

Os Israelitas não eram o único povo que necessitava de alimento e bebida. Os Amalecitas, que viviam naquela parte do deserto, queriam ficar com o oásis só para eles e estavam decididos a impedir aqueles recém-chegados de partilhar das suas reservas de água. Aproximavam-se furtivamente do acampamento dos Israelitas e começavam a atacá-los.

Moisés percebeu que tinha de agir sem demora para repelir o inimigo. Escolheu Josué, um jovem muito valente, para comandar uma expedição de guerreiros contra os Amalecitas, logo no dia seguinte.

— Eu vou colocar-me no alto daquele monte ali — disse-lhes Moisés, para os encorajar — e ergo a vara que Deus me mandou trazer.

Os Israelitas partiram e Moisés subiu ao monte, tal como tinha prometido, acompanhado de Aarão, seu irmão, e de Hur, um outro chefe. Então Moisés levantou os braços para incitar os Israelitas ao combate e para pedir o auxilio de Deus.

Os Israelitas não estavam acostumados a guerrear, mas experimentavam uma coragem sempre renovada ao ver Moisés a segurar a vara com que tinha feito tantas maravilhas.

Moisés ficou com tantas dores nos braços que, de vez em quando, os deixava descair ao longo do corpo. Mas sempre que tal sucedia, os Israelitas mostravam-se hesitantes e ficavam na iminência de perder a batalha. Mal ele voltava a erguer os braços, eles ganhavam novo alento e faziam recuar os Amalecitas.

Passou hora após hora e Moisés tinha os braços cada vez mais cansados. Então, Aarão e Hur tiveram uma boa ideia. Arranjaram uma pedra com uma forma adequada para Moisés se sentar comodamente: Depois, colocaram-se um de cada lado e seguraram os braços de Moisés até ao pôr-do-sol. Assim, os Israelitas conseguiram repelir os Amalecitas, que nunca mais tentaram atacar o acampamento.

Para dar graças a Deus, Moisés construiu um altar naquele lugar. Ele sabia que era Deus que ia protegendo o Seu povo e lhe dava a força de que precisava.

 

Divisão de Tarefas

 

O povo de Israel prosseguiu a sua viagem até que chegou à montanha onde Deus, na sarça-ardente, chamara Moisés pela primeira vez. Deus prometera a Moisés naquela ocasião que o ajudaria a conduzir o povo até àquele lugar e tinha cumprido a promessa.

Mas Moisés sentia-se muito cansado. Era ele, sozinho, que tinha de planear e ponderar tudo para toda a gente. E, não raro, eles dificultavam-lhe ainda mais o trabalho, resmungando e queixando-se de tudo, apesar da bondade e da ajuda de Deus. A par de todo este trabalho, Moisés tinha de resolver todas as disputas e desentendimentos e ensinar às pessoas o que estava certo. E ficava ocupado a arbitrar as questões o dia inteiro.

Um dia, chegou ao acampamento um visitante inesperado. Era Jetro, o sogro de Moisés. Este ficou muito contente ao vê-lo. Jetro tinha ouvido contar muitas das coisas maravilhosas que Deus tinha feito pelo Seu povo, e Moisés não se fez rogado para lhe contar tudo o resto.

—        Graças a Deus! — Exclamou Jetro.

Moisés não disse nada de todo o seu árduo trabalho, mas, no dia seguinte, Jetro pôde observar com os seus próprios olhos como ele tinha de atender uma interminável bicha de israelitas, que vinham pôr à sua consideração todos os seus problemas e desentendimentos.

—        Porque estás tu todo o dia a atender esta fila tão grande de gente? — Perguntou ele a Moisés naquela noite.

—        Tem de ser — respondeu Moisés. — Tenho de fazer de juiz e ensinar-lhes as leis de Deus.

—        Por este andar, qualquer dia estás esgotado — avisou Jetro —, além de que as pessoas vão ficar cansadas de esperar tanto tempo pela sua vez de falarem contigo. Precisas de ajuda. Escuta o meu conselho e arranja quem te auxilie. Devem ser homens em quem possas depositar a tua confiança e que obedeçam a Deus. Deixa-os encarregara-se de resolver as questões mais comezinhas. Apenas precisarão de te trazer os casos especialmente difíceis.

Mesmo sendo um grande chefe, Moisés era suficientemente humilde para seguir o bom conselho de Jetro.

E escolheu homens respeitáveis para o ajudarem no trabalho de orientar e ensinar o povo israelita.

 

As Leis de Deus

 

Êxodo 19

O povo de Israel montou o acampamento junto ao sopé do monte Sinai, onde Deus tinha chamado Moisés pela primeira vez, para ser o chefe deles. Moisés subiu ao monte para ficar sozinho e sossegado, de modo que Deus pudesse falar com ele.

— Diz aos Israelitas — disse Deus — que Eu cuidei deles tal como uma ave olha pelos seus filhotes. Vou continuar a protegê-los, mas eles, por seu lado, têm de Me obedecer. Vou falar contigo, Moisés, diante de todos eles, para lhes mostrar que tu és de facto o chefe que Eu escolhi. Eles verão apenas uma nuvem mas ouvirão a minha voz.

Moisés apressou-se a descer ao acampamento para levar a mensagem de Deus a todos. Os Israelitas haviam realmente aprendido que Deus estava a olhar por eles, mas agora tinham de entender também que Deus é sagrado. Sagrado significa separado ou à parte. Deus não é um ser humano com falhas e defeitos. Ele é absolutamente bom, sem ter nada de mau. O Seu povo, portanto, tem de amá-lo e obedecer-lhe, fazendo o que é certo.

Moisés disse a toda a gente que se preparasse, pois Deus ia falar. Cada um devia lavar-se e lavar toda a roupa que vestia. Isto destinava-se a lembrar-lhes como deviam estar puros e limpos na presença de Deus.

Moisés traçou no chão um risco a toda a volta do sopé do monte. Ninguém, nem sequer um animal, podia passar para lá daquele limite e aproximar-se mais do monte de Deus.

Na manhã do terceiro dia, o estrondo ressonante de um trovão fê-los assomar à entrada das tendas. Moisés conduziu-os até à base do monte. O topo estava envolvido por uma nuvem, mas, enquanto eles olhavam, a nuvem transformou-se num fumo ameaçador e o trovão ribombou com mais força. A seguir, um toque prolongado e sonoro de trombeta pareceu fender o ar

As pessoas tremiam e agitavam-se, cheias de medo.

Moisés falou a Deus e em resposta fez-se ouvir o ribombar do trovão.

— Não nos obrigues a permanecer aqui — pediram as pessoas, atemorizadas. — Deus é demasiado grande e terrível para que nós O escutemos. Fala tu depois connosco e conta-nos tudo o que Deus for dizendo!

Então Moisés e Aarão partiram sozinhos pela encosta acima, para ir ouvir o que Deus tinha para dizer.

 

Os Dez Mandamentos Amar a Deus

 

Êxodo 20

Quando Deus falou com Moisés no monte Sinai, deu-lhe muitas leis para o povo cumprir. Deus, que é o nosso Criador, sabe melhor que ninguém o que nos fará felizes. Se os Israelitas obedecessem às Suas leis, haviam de viver felizes uns com os outros.

Algumas das leis que Deus deu a Moisés eram especialmente importantes para as pessoas daquele tempo, mas muitas delas são essenciais para toda a gente, em toda a parte. As mais notáveis ficaram conhecidas como os Dez Mandamentos.

Os três primeiros indicam-nos o caminho certo para nos relacionarmos com Deus.

Deus disse: «Não adores outros deuses nem faças ídolos para lhes prestar culto.» Este foi o primeiro mandamento.

Naquele tempo, os povos tinham muitos deuses e deusas, tal como acontecia no Egipto. Hoje as pessoas são capazes também de dedicar todo o seu amor e lealdade ao dinheiro e ao êxito. Deus ensinou que só Ele é Deus e o Criador de tudo. Só a Ele pertence ser adorado.

Os Israelitas provavelmente até pensaram que seria boa ideia fazer uma imagem que representasse Deus — a imagem de algo bonito e essencial à vida, talvez, como o Sol, por exemplo; ou algo com muita força, como um touro. Mas Deus sabia que, quando os homens constroem uma imagem, em breve passam a adorar a própria imagem. Esquecem que Deus é muito maior que qualquer das coisas que eles possam fazer ou imaginar.

Deus disse: «Não invoques o nome de Deus em vão.» Foi o segundo mandamento.

O nome de Deus é só para Deus. Ninguém deve usá-lo numa imprecação, nem prometer pelo nome de Deus fazer alguma coisa e a seguir voltar atrás com a palavra dada. Deve-se mostrar reverência a Deus, tratando o Seu nome com todo o respeito.

Deus disse: «Guarda o Sábado como dia sagrado.» Foi o terceiro mandamento.

Sagrado quer dizer separado ou à parte. O sétimo dia, o Sábado, deve ser deixado à parte, dedicado especialmente a Deus. Destinava-se a ser o dia de aprender mais sobre Deus e prestar-lhe culto. Era também para ser um dia feriado e feliz, em que até os animais tinham o descanso do seu trabalho.

Jesus resumiu todos estes mandamentos num único mandamento: amar a Deus com todo o nosso coração. Amamos a Deus quando Lhe obedecemos.

 

Os Dez Mandamentos
Amar os Outros

 

Êxodo 20

Os primeiros três dos Dez Mandamentos eram sobre a maneira de amar e obedecer a Deus; os outros sete referiam-se ao amor aos outros. Amar os outros significa tratá-los como gostávamos que eles nos tratassem a nós e não fazer nada que os possa magoar.

Deus disse: «Respeita os teus pais.» Foi o quarto mandamento.

Deus fez as famílias e pôs os pais a tomar conta dos filhos. O dever para com Deus inclui demonstrar carinho e respeito para com os pais.

Deus disse: «Não mates.» Foi o quinto mandamento.

É errado matar — por zanga, despeito ou crueldade ou a fim de obter dinheiro.

Deus disse: «Não cometas adultério.» Foi o sexto mandamento.

O plano de Deus era que marido e mulher deviam pertencer um ao outro para toda a vida. Cometer adultério é roubar o marido ou a mulher de outro. Deus diz que isso é errado. Deus disse: «Não roubes.» Foi o sétimo mandamento.

Ninguém tem o direito de tirar aquilo que pertence a outra pessoa. Deus disse: «Não digas mentiras acerca dos outros.» Foi o oitavo mandamento.

Ninguém deve dizer mentiras sobre outra pessoa, sobretudo se isso o vai deixar mal colocado. Também é muito feio contar mentiras sobre as pessoas por detrás das costas delas.

Deus disse: «Não cobices a mulher do teu próximo, nem coisa alguma que lhe pertença.» Foi o nono e o décimo mandamentos.

Cobiçar quer dizer desejar uma coisa que pertence a outra pessoa a ponto de ficar cheio de inveja dela.

Talvez um israelita, ao olhar para a casa ou para o jumento, ou mesmo para a bonita mulher de outro, pensasse que eram melhores do que os seus. Deus disse que ele não devia ficar com inveja nem tentar apoderar-se do que pertencia ao outro.

Quando acabou de falar, Deus disse a Moisés que lhe ia dar duas tábuas de pedra com as Suas leis gravadas. Assim, o povo saberia que aquelas eram as próprias leis de Deus.

 

Deus Que Cuida

 

Êxodo 21-23

Do mesmo modo que deu a Moisés os Dez Mandamentos, Deus deu-lhe inúmeras pequenas regras que ajudariam o povo a viver em boa harmonia e de maneira saudável. Deus queria que todos fossem leais e bondosos uns para os outros.

Deus demonstrou aos Israelitas, com essas leis, que tinha a Seu cuidado a segurança deles e os queria proteger.

No tempo de Moisés, as disputas estalavam constantemente e era frequente prolongarem-se por muito tempo. Se o membro de uma família era ferido, os parentes dele vingavam-se da ofensa. As retaliações, muitas vezes, conduziam a novas lutas e a mortes.

Deus ensinou o Seu povo a não manter inimizades de longa data. Se alguém era prejudicado ou maltratado, a pessoa que causara o dano devia ser castigada com justiça, mas a questão ficava assim arrumada. Esta lei do justo castigo determinava que era «olho por olho e dente por dente» — e nada mais.

Não se tratava de uma lei cruel e vingativa. O Senhor queria estabelecer um limite rigoroso que abrandasse os antigos costumes de vinganças selváticas.

Deus deu ao Seu povo leis que deixavam claro que Ele Se preocupava com aqueles que não tinham força para fazer valer os seus direitos.

Ele deu-lhes leis especiais para que os muito pobres, os estrangeiros e aqueles que não tinham capacidade para ganhar a vida recebessem assistência.

E frequentemente falou do seu cuidado especial para com as crianças órfãs e as viúvas, que já não tinham quem as sustentasse.

Os lavradores deviam deixar parte do cereal nos campos e alguns frutos nas árvores, para ficar alimento para os pobres. Se um homem pobre, que não conseguia pagar o que devia, tinha de entregar até a sua capa, esta havia de lhe ser restituída todas as noites, para que ele não dormisse com frio. O Senhor também incluía nas Suas leis regras que protegiam os animais.

Se um jumento caía sob o peso da carga, a lei de Deus determinava que quem passasse devia ajudá-lo a levantar-se, mesmo que o animal pertencesse ao seu pior inimigo. Se alguém visse uma ave no seu ninho, segundo a lei de Deus, devia deixá-la em liberdade e não lhe fazer mal.

As leis de Deus ensinaram ao povo como era Deus. Ajudaram o povo a compreender que o Senhor era justo e bom e que olhava por todos os pormenores da vida. Importava-se com todos, mesmo os mais insignificantes, e os acontecimentos normais do dia-a-dia eram do Seu cuidado. Deus queria que o Seu povo fosse como Ele.

 

A Aliança

 

Êxodo 24

Muitas centenas de anos antes do tempo de Moisés, Deus tinha chamado Abraão e fizera um acordo ou «aliança» com ele. O Senhor prometeu a Abraão que ele teria muitos descendentes e que, através deles, Deus abençoaria o mundo inteiro. Agora esses descendentes tinham-se tornado a nação de Israel.

Deus disse a Moisés que queria fazer uma aliança com todo o povo de Israel. Pela aliança, Deus, por Seu lado, comprometia-se a protegê-los e levá-los em segurança até à terra que lhes tinha prometido. Eles seriam o Seu povo eleito. Moisés contou a toda a gente esta boa notícia da promessa de Deus. A seguir disse-lhes o que lhes cabia cumprir pelo lado deles.

—        Devem prometer obedecer a todas as leis de Deus e mandamentos que Ele vos deu — explicou-lhes. —            Assim faremos, assim faremos — responderam eles com entusiasmo.

Moisés leu-lhes as leis de Deus para que compreendessem exactamente o que estavam a prometer fazer. Mas o povo tinha toda a certeza de que seria capaz de agradar e obedecer a Deus. Moisés construiu um altar com doze pedras enormes, no sopé da montanha. Cada pedra representava uma das doze tribos, ou clãs, descendentes dos filhos de Israel (que era o novo nome de Jacob).

Então Moisés tomou o sangue de alguns dos animais mortos para os sacrifícios e aspergiu o povo, para o ajudar a perceber que tinha sido feita uma aliança sagrada. Era como que uma maneira de assinar o acordo.

Não havia absolutamente nenhuma dúvida de que Deus cumpriria a Sua parte da aliança. Mas iria o povo de Israel manter a sua?

 

A Tenda de Deus

 

Êxodo 25-31

Durante todo o tempo que levaram a viajar para Canaã, os Israelitas viveram em tendas: Não podiam erigir um edifício onde prestar culto a Deus. O Senhor disse a Moisés que, em vez disso, eles haviam de montar uma tenda especial só para Deus, um santuário. E deu a Moisés instruções minuciosas para erguer o tabernáculo e a tenda e todos os objectos de culto e prometeu dar uma habilidade especial àqueles que concretizassem os planos.

O exterior da tenda devia ser feito de pêlo liso de cabra com uma cobertura de peles de ovelha, mas no interior haveria belas cortinas bordadas e objectos de

Ouro e prata. Num altar, decorado a ouro, manteriam incenso a queimar. Toda a estrutura seria desmontável e os objectos maiores teriam varais, de modo que, sempre que os Israelitas se deslocassem para outro local, pudessem transportar com eles a tenda de Deus.

A parte mais importante do tabernáculo ficava oculta, tapada com cortinas espessas. A peça especialíssima dentro desse Santo dos Santos era uma arca, mais ou menos do tamanho de uma secretária, onde ficariam depositadas as Tábuas da Lei. Devia ser feita de madeira, coberta de ouro, e a tampa ser de ouro puro. Havia duas estátuas de ouro sobre a tampa, anjos com as asas abertas para cobrir a arca, tal como Deus havia de cobrir os pecados e más acções das pessoas.

Moisés perguntava a si próprio como ia arranjar todos aqueles materiais preciosos de que precisava para construir a tenda de Deus. Deus disse--lhe que o povo os daria de boa vontade. E assim aconteceu.

Quando Moisés lhes contou da tenda, eles ficaram tão entusiasmados que logo trouxeram tudo o que Moisés queria — linho fino e lã, anéis e colares. Todas as coisas preciosas que os Egípcios os tinham feito aceitar, ao saírem daquele país, tudo isso trouxeram.

 

O Bezerro de Ouro

 

Êxodo 32

Quando Moisés subiu a encosta do monte para ir falar com Deus, os Israelitas, cheios de espanto, ficaram a olhar para o ponto onde ele desaparecera. A nuvem no cimo do monte refulgia e cegava-os com a intensidade do brilho. E os dias foram passando e Moisés não voltava. •

Começaram então a ficar fartos de estar ali a olhar, sempre à espera.

—        Queremos pôr-nos de novo a caminho — disseram a Aarão. — Não fazemos a mínima ideia do que aconteceu a Moisés. Faz-nos tu um deus que nos conduza em vez do outro.

—        Tirem os vossos brincos de ouro e tragam-mos — disse-lhes Aarão.

Satisfeitos, todas entregaram os ornamentos de ouro que usavam e Aarão derreteu-os todos. A seguir modelou um bezerro.

—        Aqui está o nosso deus — gritaram todos, radiantes de alegria. —           Amanhã realizamos uma grande festa em honra do deus — prometeu Aarão, e os outros concordaram entusiasticamente.

No dia seguinte, deram início às celebrações. Colocaram o bezerro sobre um pedestal e puseram-se a dançar em volta dele. Fizeram um festim e beberam de tal maneira que não tardou que se excitassem e transformassem a festa numa orgia de bêbados.

Deus sabia o que se estava a passar.

—        Volta lá para baixo, Moisés

— Disse Ele. — O povo já desrespeitou a Minha lei.

Deus estava zangado e triste de ver que eles tão depressa quebravam as promessas solenes que Lhe tinham feito.

Moisés apressou-se a descer do monte, trazendo com ele as duas tábuas de pedra, nas quais estava gravada a Lei de Deus. Josué, que era o seu braço direito, encontrava-se com ele.

—        Parece, pelo barulho, que estão a travar uma batalha — comentou Josué, intrigado com todo o ruído que lhes chegou aos ouvidos.

—        Isto não é luta, é cantoria — respondeu Moisés sombriamente.

Quando Moisés se aproximou e viu o povo a dançar e a fazer cabriolas em volta da imagem do bezerro, ficou furioso. Atirou ao chão as tábuas de pedra que Deus lhe tinha dado, fazendo-as em mil bocados. A seguir avançou para o acampamento e agarrou a imagem de ouro.

—        Porque os deixaste proceder assim? — Perguntou, irritado, a Aarão.

—        Não te zangues comigo — suplicou Aarão. — É tudo culpa deste povo mau e obstinado.

Moisés desfez a estátua até a transformar em pó, dissolveu o pó de ouro em água e obrigou os Israelitas a beberem o líquido.

No dia seguinte, quando o povo já estava subjugado e cheio de vergonha, Moisés disse:

—        Vocês cometeram um pecado terrível. Mas eu vou subir de novo à montanha e pedir a Deus que vos perdoe.

 

Restabelece-se a Ordem

 

Êxodo 33-34

Moisés suplicou a Deus que perdoasse ao povo ter feito o bezerro de ouro e tê-lo adorado. Ofereceu-se para carregar ele próprio com a culpa, mas Deus disse que quem quer que pratique a má acção é que deve ser responsabilizado por ela. O povo ia ser castigado.

Deus sabia que, por mais arrependidos que pudessem estar naquele momento, os Israelitas iam continuar a desobedecer-lhe e a praticar o mal muitas vezes. Por isso deu instruções a Moisés sobre o que eles tinham de fazer para compor as coisas.

Do lado de fora da tenda de Deus, a tenda da reunião, devia haver um altar, onde seriam oferecidos sacrifícios de animais.

Alguém que fizesse alguma coisa errada e quebrasse a lei de Deus devia trazer um animal para que o sacerdote o oferecesse a Deus. Podia ser um carneiro ou um touro novinho.

Essa oferenda era a maneira de mostrar a Deus que estava sinceramente arrependido pelo que tinha feito e de Lhe pedir perdão. A morte do animal não retiraria dele o pecado, mas o perdão amoroso de Deus endireitá-lo-ia.

As pessoas traziam animais para os sacrifícios, assim como oferendas de cereais, noutras ocasiões, como forma de dizer «Obrigado!» a Deus.

Depois de o povo de Israel ter quebrado por completo a aliança com Deus, ao pedir a Aarão que lhe fizesse a imagem do bezerro para adorar, Moisés teve medo que Deus não quisesse continuar a protegê-los.

— Se não nos acompanhares, não queremos prosseguir a nossa viagem — disse ele a Deus.

— Eu estarei ainda convosco — prometeu Deus. — E chegou a altura de partirem deste monte e continuarem o vosso caminho.

As pessoas devem ter ficado muito aliviadas quando Moisés voltou para junto delas e lhes contou que Deus continuava disposto a cumprir a sua parte da aliança Vocês devem recomeçar do princípio, agora — explicou Moisés. — Têm de prometer outra vez que guardarão a lei de Deus.

 

Terra Prometida à Vista

 

Números 13