Moisés

 

 

A HISTÓRIA DE MOISÉS

Salvo das Águas

 

Êxodo 2

Nasceu um rapaz! Como teriam ficado felizes a mãe, Jacobed, e o pai, Amram, se não fosse a recente lei do cruel rei do Egipto! Todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino deviam ser atirados ao rio Nilo.

Jacobed olhou para o seu lindo filho.

— Não vai ser afogado! — Declarou. — Escondê-lo-ei. Eu sei que Deus pode mantê-lo a salvo.

Ao princípio tudo correu bem. Mas o bebé pequenino depressa se tornou uma criança grande e irrequieta, cujo choro era cada vez mais forte. Enquanto o embalava para adormecer, Jacobed rezava e pensava, tentando tecer um plano. Então começou a fazer um berço de vime, que colheu na margem do rio, à maneira das embarcações que os pescadores construíam. Quando terminou, calafetou-o por fora com betume para que ficasse impermeável.

Enquanto o filho dormia, depositou-o com mil cuidados no berço e transportou-o até à margem do rio. Levou com ela a irmãzinha do pequenito, Maria. Colocou o cesto no meio do canavial, deixando a filha a vigiar, e apressou-se a voltar para casa.

Quieta como um rato, Maria agachou-se no seu esconderijo e esperou. Dali a pouco chegaram-lhe aos ouvidos risos e conversa. A princesa, uma das muitas filhas do faraó, vinha tomar banho, acompanhada das suas escravas. Maria continua com o coração a bater, descompassado, quando a princesa se deteve.

—           Olhem — exclamou. — Está ali um cesto no meio das canas. Vão buscá-lo.

Uma das escravas avançou por dentro de água, deitou a mão ao cesto e levou-o à princesa. Tanto bastou para a criança acordar. Olhou para aquelas caras desconhecidas e rompeu em pranto.

—           Pobre pequenino — disse a princesa, comovida. — Deve ser um filho dos israelitas.

A expressão bondosa que mostrou deu coragem a Maria, que se atreveu a aproximar-se.

—           Queres uma ama para a criança? — Perguntou

—           Sim, sim — respondeu a princesa. Maria correu para casa e foi buscar a mãe.

A princesa observou Jacobed com atenção e disse:

—           Leva este bebé e toma conta dele por mim. Eu pago-te um salário. Quando ele for maior, virá para o palácio e será educado como meu filho. Vou chamar-lhe Moisés, porque foi «salvo das águas».

Radiantes, Jacobed e Maria levaram para casa a criança, que chorava animadamente. Já não tinham de recear que alguém o visse. Deus salvara o pequeno Moisés. Durante mais alguns anos o rapaz ia continuar com elas e, assim, podiam tratar dele e protegê-lo.

 

Príncipe do Egipto

 

Êxodo 2

Jacobed criou o filho carinhosamente. Quando ele cresceu, contou-lhe como o Deus verdadeiro o havia salvo da morte e o protegeria, mesmo no palácio do rei. Um dia, Deus havia de salvar todo o seu povo daqueles sofrimentos e da escravidão.

Por fim, chegou o dia de Moisés ir para o palácio, para junto da

Princesa. Passou a vestir-se do mais fino algodão egípcio, comia as melhores iguarias e tinha escravos para o servirem. Em breve começou a ter aulas — aprendeu a ler, a escrever e muitas outras coisas além disso, pois os Egípcios eram sábios e cultos. Mas embora crescesse com a aparência de um egípcio, nunca se esqueceu de que era israelita. Recordava e amava o Deus do seu povo e não os muitos deuses e deusas estranhos, do Egipto.

Quando saía no seu belo carro, sentia-se indignado e desgostoso de ver o seu povo a mourejar e a suar sob o sol escaldante, para construir os grandes edifícios que o rei egípcio tanto se orgulhava de possuir. Ansiava por salvá-los daqueles senhores cruéis, que os chicoteavam de cada vez que eles paravam, mesmo que só para tomar fôlego.

Um dia apresentou-se-lhe uma oportunidade. Um egípcio espancou um escravo israelita até à morte. Moisés presenciou o acto e ficou furioso. Olhou em volta rapidamente. Não havia mais ninguém nas imediações. Então, Moisés matou o egípcio e enterrou o cadáver no solo arenoso e mole.

No dia seguinte, Moisés não pôde conter-se, ao ver dois homens do seu povo envolvidos em luta.

—           Parem com isso! — Gritou-lhes. Vocês são ambos israelitas!

—           Quem julgas tu que és? — Ripostou o homem que tinha começado a briga. — Também queres matar-me como fizeste àquele egípcio, ontem?

Afinal tinham-no visto! O segredo passou de boca em boca e a história espalhou-se até chegar ao palácio. O rei ficou muito zangado e mandou matar Moisés.

Por isso, para salvar a vida, Moisés viu-se forçado a abandonar o conforto principesco e as riquezas e a fugir para a região desértica de Mediam. Sentia-se profundamente magoado, pois o seu próprio povo, a quem ele tanto desejava ajudar, não o queria nem como príncipe nem como chefe.

 

Moisés Torna-se Pastor

 

Êxodo 2

Moisés tinha alimentado a esperança de conseguir livrar o seu povo da infelicidade e da escravidão, mas, em vez disso, viu-se obrigado a fugir do Egipto para salvar a vida.

Agora, na terra de Mediam, cheio de tristeza, sentou-se junto a um poço. Pouco depois aproximaram-se sete raparigas, todas irmãs. Vinham buscar água para encher o bebedouro para os rebanhos do seu pai.

Nessa altura, chegaram uns pastores, que empurraram as jovens para o lado e começaram a tirar água para os rebanhos deles.

Moisés levantou-se de um salto e acorreu em auxílio das raparigas. Tirou a água que elas queriam e, assim, as irmãs puderam voltar para casa, todas satisfeitas.

—           Chegaram cedo, hoje — exclamou Jetro, o pai.

—           Um egípcio valente livrou-nos daqueles pastores brigões

—           Explicaram-lhe.

—           E onde está ele agora?

—           Perguntou o pai. — Espero que não o tenham deixado ficar junto do poço. Voltem lá e convidem-no para o jantar.

As jovens foram logo ter com Moisés e trouxeram-no para casa.

Moisés ficou a viver com aquela família. Casou-se com Séfora, uma das filhas de Jetro, e tomava conta dos rebanhos do sogro. Conduzia-os através do deserto de vegetação enfezada, em busca de pastagens.

Antes príncipe no Egipto, Moisés tornara-se um pastor humilde e trabalhador.

 

Deus Chama Moisés

 

Êxodo 3-4

Passaram muitos anos e Moisés continuava a apascentar os rebanhos de Jetro, seu sogro.

Um dia encontrou-se no sopé do monte Sinai, onde as ovelhas e as cabras tasquinhavam a erva. Moisés olhou para cima e avistou um arbusto que parecia estar a arder. Ficou a olhar, ansioso, receando que o fogo se espalhasse através do deserto árido. Mas, embora as chamas brilhassem intensamente, a sarça não era consumida. Tomado de curiosidade, Moisés foi-se chegando, para ver o que se passava.

Então, ouviu uma voz que vinha mesmo do meio das labaredas. Moisés compreendeu logo que era a voz de Deus.

—        Descalça as tuas sandálias, Moisés — disse Deus —, pois o terreno que pisas é sagrado.

Moisés obedeceu e ficou ali quieto, à espera. O coração batia-lhe muito depressa e ele cobriu o rosto com o manto.

—        Eu sou o Deus de Abraão, Isaac e Jacob — disse Deus. — Escutei os lamentos e o choro do Meu povo, que é escravo no Egipto, e decidi libertá-lo. Tu, Moisés, vai conduzi-lo para fora do Egipto e para a terra que Eu prometi - dar à descendência de Abraão.

—        Ele não, Senhor — pediu Moisés, aflito. — Por favor, não me envies como chefe deles. Eu não sou ninguém. Não seria capaz de cumprir essa missão.

—        Mas Eu estarei contigo prometeu Deus. — Vou ajudar-te e serás bem sucedido. Trarás o Meu povo até aqui a este monte, para que Me adore neste lugar.

Mesmo assim, Moisés não queria voltar ao Egipto. Continuou a arranjar desculpas, mas Deus tinha resposta para todas elas. Deus disse a Moisés que o irmão dele, Aarão, podia acompanhá-lo e encarregar-se de falar por ele.

—        Leva contigo a vara que tens na mão — ordenou Deus. — Usá-la-ás para fazer coisas prodigiosas, que hão-de provar ao Meu povo e ao rei do Egipto que Eu sou o Deus verdadeiro, mais poderoso que o faraó e os deuses que ele adora.

Com relutância, Moisés obedeceu a Deus. Tomou a mulher e os dois filhos e, de vara na mão, partiu para a terra do Egipto.

 

A Recusa do Rei

 

Êxodo 5

Moisés e a família puseram-se a caminho. Antes de chegarem ao Egipto, encontraram o irmão de Moisés, tal como Deus tinha prometido. Moisés contou a Aarão tudo o que Deus lhe dissera.

Começaram por convocar para uma reunião todos os anciãos israelitas.

— O Deus que chamou Abraão, Isaac e Jacob sabe de toda a vossa desgraça e vai libertar-vos — disse Aarão. — Deus prometeu aos descendentes de Israel que teriam uma terra deles. Agora Ele vai conduzir-vos para essa terra.

Levantou-se um clamor de alegria. As pessoas sentiam-se felizes e animadas. Finalmente, os seus sofrimentos iam acabar.

A seguir, Moisés e Aarão pediram uma audiência ao rei do Egipto.

—        O Senhor, Deus de Israel, ordena que deixes o Seu povo partir deste país em liberdade — declarou Aarão.

—        Quem é esse deus? — Perguntou o rei, com maus modos. — Eu não o conheço e de certeza que não vou fazer nada do que ele diz.

E voltou-se para os seus servidores.

—        Façam esses escravos preguiçosos e molengões voltar ao trabalho!

Depois deu novas ordens aos chefes egípcios que tinham a seu cargo os operários.

—        Até agora, têm-lhes dado a palha de que necessitam para fazer tijolos sólidos. A partir de hoje, eles que vão para o campo e apanhem a palha. Mas tratem de garantir que eles fabricam tantos tijolos como até aqui.

Era uma exigência impossível de satisfazer. Contudo, sempre que verificavam que havia menos tijolos, os inspectores do faraó chicoteavam os israelitas e tratavam-nos pior do que nunca.

O povo de Israel estava amargurado e revoltado. Tinham contado que Deus os ia salvar, mas as coisas iam de mal a pior. Os anciãos foram ter com Moisés e Aarão e disseram-lhes o que pensavam.

Moisés ficou desesperado. Então contou a Deus exactamente como se sentia preocupado e desiludido.

—        Espera — disse Deus. — Eu vou cumprir a Minha promessa. Mas, como o faraó não Me obedece, vai ter de aprender umas lições muito duras. E o Meu Povo também começará a perceber como Eu sou grande e poderoso.

 

As Pragas do Egipto

 

Êxodo 7-10

Deus tinha prometido a Moisés que faria muitas coisas terríveis para levar o faraó, bem como o povo de Israel, a entender que Ele tinha poder para salvar o Seu povo.

Moisés e Aarão voltaram à presença do rei e avisaram-no de que, se não obedecesse a Deus e libertasse o Seu povo, toda a sorte de calamidades atingiria o Egipto.

Mas o faraó fez pouco deles e recusou-se a dar-lhes ouvidos.

Deus cumpriu a Sua promessa e o Egipto foi castigado com nove pragas -todas por ordem de Deus. A seguir a cada uma delas, Moisés dirigiu-se ao faraó e deu-lhe oportunidade de mudar de atitude e obedecer a Deus. Mas de todas as vezes o rei endureceu o coração.

Primeiro, Moisés ergueu a sua vara, segundo as ordens de Deus, e as águas fertilizantes do rio Nilo, que sustentavam todo o Egipto, transformaram-se num líquido vermelho, espesso e viscoso.

Depois vieram as rãs. Surgiram das águas estagnadas e saltavam por todo o lado, entrando nas casas, nos quartos e nas cozinhas.

Ao princípio, os mágicos da corte imitavam Moisés e demonstravam que também eles sabiam fazer prodígios extraordinários. Mas não conseguiam fazer nada para limpar as águas do Nilo ou para se verem livres das rãs.

O rei ficou aflito e prometeu a Moisés que deixaria o povo partir se o Deus deles ao menos afastasse as rãs. Moisés orou a Deus e as rãs morreram. Mas, assim que viu aquele problema resolvido, o rei mudou de ideias e voltou a dizer não a Moisés e a Deus.

Então, Deus enviou mosquitos, que picavam e zumbiam, e moscas enormes, que os atormentavam. De todas as vezes o rei prometeu a Moisés que, se Deus acabasse com a praga, ele deixaria partir o povo. De todas as vezes Moisés escutou o faraó e, de todas as vezes, ele deu o dito por não dito, quando viu a calamidade passada, e se recusou a permitir que os Israelitas se fossem embora.

As vacas, os cavalos e os jumentos morriam de doenças e até as pessoas viram o corpo inchar com tumores e rebentar com umas úlceras vermelhas e dolorosas. Mas, ainda assim, o rei disse não!

Desabou a tempestade e caíram sobre eles enormes pedras de granizo, quais projécteis mortíferos. Mas, na mesma, o rei se obstinou.

Uma praga de gafanhotos esfomeados cobriu tudo como uma nuvem negra e devorou-lhes todos os cereais.

Depois disso, a terra foi envolvida por trevas mais densas do que tinta preta, durante três dias seguidos.

 

O povo de Israel, em Gessen, não era atingido por estas calamidades. Deus tinha provado que era maior e mais poderoso do que todos os reis do Egipto e os seus mágicos astutos.

Mas, não obstante, o rei disse não!

 

A Última Praga

 

Êxodo 11

A cada praga que caía sobre o país e as gentes do Egipto, Moisés e Aarão iam ter com o faraó. Pediam-lhe que mudasse de atitude e escutasse Deus. Mas ele recusava-se a obedecer e a livrar o seu próprio povo de maiores desgraças.

Depois de Deus enviar o nono sinal — a escuridão total durante três dias seguidos —, o faraó ficou furioso.

—        Desapareçam da minha vista! Gritou ele a Moisés. — Nunca mais vos quero ter à frente dos olhos.

—        E não terás — respondeu-lhe Moisés. — Porém, como não queres modificar o teu pensamento, Deus tem de fazer mais uma coisa terrível. Depois disso, tu deixarás sair o Seu povo. Deus disse: «À meia-noite, passarei através de todo o território do Egipto e o filho primogénito de cada família morrerá. Desde o palácio real até à mais humilde cabana, haverá grande choro e luto por todo o país.»

Mas o faraó, obstinado, continuou a não dar ouvidos a Moisés, nem tão--pouco ao aviso de Deus.

Deus disse a Moisés que, tal como sucedera antes, o povo israelita não ia ser atingido por esta última praga, a mais dura.

Mas, desta vez, eles tinham de seguir as instruções de Deus, as quais Moisés lhes transmitiu. Se as famílias fizessem como Deus mandava, todo o filho mais velho ficaria a salvo quando o anjo da morte passasse através do país.

 

A Páscoa

 

Êxodo 12

Moisés tornou a convocar todos os anciãos israelitas para uma reunião.

— Escutem com atenção — disse-lhes. — Hoje, à noite, o Senhor vai enviar o anjo da morte, que passará através do Egipto, exterminando o filho primogénito de cada família em todo o país. Se querem ficar a salvo com as vossas famílias, eis o que o Senhor diz que devem fazer: «Avisa cada chefe de família para que escolha do seu rebanho um cordeiro ou um cabrito saudável e sem defeito. Deve matá-lo e com o sangue pincelar a ombreira e as duas vergas da porta de sua casa. Cada dona de casa há-de cozinhar a carne para uma ceia especial. Assim que escurecer, toda a família deve permanecer no interior.» O sangue nas portas será para Deus o

Sinal de que vocês são o Seu povo obediente e Ele não deixará que o anjo da morte fira as vossas famílias. Quando os vossos filhos vos perguntarem o que significa tudo isto, explicai-lhes que é a festa da Páscoa do Senhor — o dia em que Deus passou por cima das vossas moradas e vos poupou, quando morreram os primogénitos no Egipto.

Desde esse dia até ao presente, o povo de Israel celebra a Páscoa todos os anos, recordando como Deus os poupou nessa noite, que jamais se há-de esquecer.

 

Através do Deserto

 

Êxodo 12

Na noite em que Deus fez cair sobre o Egipto a última e terrível praga, todos os israelitas permaneceram dentro das suas casas, sãos e salvos. As mães

Prepararam um jantar delicioso, de cordeiro assado, tal como Deus destinara. Mas quando todos se prepararam para o comer, deixaram-se ficar com as suas roupas de viagem, pois Moisés avisara-os de que deviam manter-se prontos para deixar o Egipto logo que lhes fosse dada ordem.

A meia-noite irromperam gritos lancinantes de todas as casas do Egipto. Quando os Israelitas ouviram as lamentações, ficaram a saber que Deus cumprira o que havia dito. Em todos os lares dos Egípcios, o filho mais velho estava morto. O povo de Deus tinha sido poupado, porque obedecera e confiara n'Ele.

O faraó mandou imediatamente chamar Moisés e Aarão.

— Vão-se embora! — Trovejou. -Não permaneçam no meu país nem mais um dia. Levem as vossas mulheres e os vossos filhos, os animais e todos os pertences. Só quero que nos deixem em paz!

Sem demora, Moisés fez passar a palavra a todos, na terra de Gessen. Chegara a hora de abalar.

Os pais recomendavam às mães que se apressassem. A massa que tinhamdeixado a levedar não estava pronta, por isso embrulharam-na em panos e transportaram-na assim, com os tachos e panelas. As famílias inteiras saíam das suas casas, como uma torrente, e encaminhavam-se para o ponto de encontro que haviam combinado. Os carneiros e as cabras que levavam baliam e berravam, assustados, dificultando o andamento apressado.

Os Egípcios também assomavam às portas das suas casas e pediam aos Israelitas que se despachassem. Estavam tão ansiosos por vê-los partir que os enchiam de presentes de ouro e prata, de colares e pulseiras e de todo o género de objectos valiosos. Só desejavam que eles se fossem antes que mais alguma desgraça se abatesse sobre o país.

Mal olhando de relance para trás, toda aquela imensa multidão se pôs em movimento, com Moisés à frente. `Finalmente a promessa de Deus tornava-se realidade. Era o adeus ao Egipto para sempre.

O povo de Israel partiu do Egipto cheio de ânimo. Finalmente estavam livres dos Egípcios, que os tinham feito trabalhar tão duramente e os tinham tratado com tanta crueldade.

Agora, tendo Moisés como chefe, iam para o país que Deus havia prometido dar-lhes quando chamara Abraão para O seguir, centenas e centenas de anos antes.

Mas como iam eles encontrar o caminho para a Terra Prometida de Canaã? A toda a volta apenas se via o deserto. Não existiam estradas para seguir, nem quaisquer tabuletas que apontassem a direcção.

Deus disse a Moisés que eles não iam tomar o caminho mais curto para Canaã, porque havia guardas ao longo das fronteiras dos países que teriam de atravessar.

O Senhor não queria que o Seu povo fosse forçado a entrar em guerra tão pouco tempo depois de ter iniciado a uma rota mais longa e indicar-lhes-ia o caminho.

Deus ia à frente. Tinham sempre diante deles. Bem visível, uma coluna de nuvem, durante o dia, e uma coluna de fogo. De noite, e, deste modo. Sabiam que Deus estava com eles. Só tinham de deixar-se guiar, caminhando na direcção que a nuvem, ou o fogo, tomava. Se parava, mostrava-lhes que era altura de armarem as suas tendas, para permanecer naquele local por algum tempo. Mais tarde, a coluna de nuvem ou de fogo recomeçava a mover-se.

Fosse dia ou fosse noite, podiam prosseguir a caminhada, porque Deus, sempre presente, indicava-lhes o rumo.

Perseguidos e Encurralados

 

Êxodo 14

Entretanto, no seu palácio no Egipto, o faraó começou a matutar. Porque tinha deixado ir embora todos os escravos israelitas? Esqueceu-se por completo do tremendo flagelo que o levara a mandá-los partir. E agora dava voltas à cabeça, a pensar que já não havia quem fizesse o duro trabalho da construção dos seus grandiosos monumentos. Tinha de os obrigar a regressar.

Deu ordens para que os seus soldados preparassem os cavalos e os carros e partissem em busca dos Israelitas. Podiam avançar bem depressa através do deserto e não tardaria que localizassem a enorme multidão errante, que, com as crianças e os rebanhos, prosseguia lentamente. Depois bastaria cercá-los e conduzi-los de volta ao Egipto.

Os Israelitas estavam ocupados a montar o acampamento junto do mar Vermelho. Diante deles estendiam-se as águas do lago e, dos outros lados, alongava-se o deserto árido e inóspito. De repente, a azáfama do campo foi interrompida por gritos de alarme. Alguém acabava de avistar uma nuvem de poeira muito ao longe, no horizonte. Em breve, as sentinelas distinguiam a forma dos temidos carros de combate dos Egípcios, que se aproximavam a grande velocidade.

Uma onda de pânico percorreu o acampamento. Em pouco tempo, Moisés viu-se rodeado de um enxame de gente que clamava:

—        Porque não nos deixaste ficar no Egipto, em vez de nos trazeres para o meio deste deserto horrível, para aqui sermos mortos? A culpa disto é toda tua!

—        Não tenham medo — disse Moisés. — O Senhor tem poder para nos salvar dos Egípcios.

Mas os Egípcios avançavam a olhos vistos. A única hipótese de fuga que lhes restava era para a frente, e desse lado ficavam as águas do mar

Vermelho. Estavam encurralados!

Então Deus falou a Moisés:

—        Eu vou salvar o Meu povo e mostrar aos Egípcios que sou Deus. Tudo o que tens a fazer é erguer a tua vara sobre as águas.

 

A Travessia do Mar Vermelho

 

Êxodo 14-15

Moisés fez exactamente como Deus lhe indicou. Ergueu a vara bem alto sobre o mar Vermelho. Começou a levantar-se um forte vento de leste, que varreu as águas do lago. Então formaram-se como que duas muralhas líquidas e ficou aberto um caminho seco no meio, o qual ia até à margem oposta.

Ao mesmo tempo, a nuvem de Deus, que os guiava, passou da frente deles para trás, de tal modo que os encobriu por completo da vista dos perseguidores egípcios. Quando a noite caiu, o brilho intenso da nuvem proporcionava aos Israelitas a luz para se orientarem a atravessar o lago.

Sem perda de tempo, toda a gente foi reunindo as famílias e os rebanhos e começou a dirigir-se ordenadamente para o caminho no meio do mar. Durante toda a noite caminharam em bom ritmo até à outra margem.

Por esta altura os egípcios com os seus carros e cavalos estavam quase a alcançá-los. Com grande alarido, meteram-se temerariamente atrás deles, pelo meio do mar. Mas em pouco tempo as rodas dos carros encravaram e atolaram-se na lama do fundo do lago. Os condutores espicaçavam os cavalos, mas em vão.

Quando surgiram os alvores da manhã, já os últimos Israelitas se encontravam a salvo na outra margem.

—        Ergue de novo a tua vara sobre o mar — disse Deus a Moisés.

Mal este obedeceu, as águas voltaram a unir-se. Todo o exército egípcio pereceu.

—        Nunca mais voltaremos a vê-los garantiu Moisés ao povo. Houve um grande clamor de alegria e alívio. Deus tinha-os salvo!

Moisés rompeu a cantar:

«Cantarei ao Senhor porque Ele alcançou uma vitória gloriosa.

Precipitou no mar os cavalos e os cavaleiros.

O Senhor é o meu poderoso defensor. Ele é Aquele que me salva.»

Então Maria, a irmã de Moisés, agarrou num adufe e pôs-se também a dançar e a cantar.

«Cantai ao Senhor, que alcançou uma vitória gloriosa.

Precipitou no mar os cavalos e os cavaleiros.»

Todos se lhe juntaram, com cânticos e danças de louvor a Deus, que os tinha salvo para sempre dos Egípcios.

 

O Maná do Deserto


 

 

 

 

 

 O Maná do Deserto