Quem são seus verdadeiros amigos
As Escrituras nos orientam sobre a escolha e o tratamento dos nossos amigos. Amigos têm muita influência em nossas vidas: "O justo serve de guia para o seu companheiro, mas o caminho dos perversos os faz errar" (Provérbios 12:26). Por este motivo, a escolha de companheiros é um assunto de grande importância: "Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau" (Provérbios 13:20). No final de contas, nossas escolhas não envolvem apenas pessoas, mas decidem a nossa direção na vida e na eternidade. Tiago frisou bem este fato quando perguntou: "Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). O mesmo livro fala de um homem de grande fé que rejeitou os caminhos errados de outros homens e mostrou a sua lealdade ao Senhor. O resultado desta escolha de Abraão? "Foi chamado amigo de Deus" (Tiago 2:23). Devemos escolher bons amigos que nos ajudarão, especialmente em termos espirituais.
É fácil escolher mal. Muitas pessoas que não amam a Deus e não respeitam a palavra dele nos oferecem a sua amizade. Às vezes, podemos influenciar tais pessoas pela nossa fé e o exemplo de uma vida reta. O próprio Jesus fez questão de ter contato com pecadores, oferecendo-lhes a palavra eterna da salvação (Lucas 15:1; Mateus 9:10-13). O perigo vem quando não confessamos a nossa fé no meio de uma geração perversa (Marcos 8:38). Ao invés de conduzir outros a Cristo, deixamos as más influências nos corromperem.
Algumas pessoas querem nos induzir a pecar contra Deus. "Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos, encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós; teremos uma só bolsa. Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés; porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue" (Provérbios 1:10-16). Infelizmente, observamos a mesma tragédia espiritual na vida de muitas pessoas hoje. Quantos jovens são induzidos a usar drogas, ou até de se tornar traficantes, pela influência de "amigos"? Quantos se integram a gangues e acabam cometendo vários tipos de crime?
Algumas amizades precisam ser totalmente evitadas:"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores" (Salmo 1:1). Quando outros querem nos conduzir ao erro, precisamos sair correndo: "Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento. A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho, mas a estultícia dos insensatos é enganadora. Os loucos zombam do pecado, mas entre os retos há boa vontade" (Provérbios 14:7-9).
Alguns dos amigos mais perigosos são aqueles que sempre concordam conosco, apoiando-nos mesmo nas coisas erradas. "Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato" (Eclesiastes 7:5). O amigo verdadeiro nos corrige, e a pessoa sábia procura ter amigos com coragem e convicção para a repreender quando for necessário. Por outro lado, o insensato evita pessoas que corrigem e criticam, procurando aprovação acima de sabedoria. "O escarnecedor não ama àquele que o repreende, nem se chegará para os sábios... O coração sábio procura o conhecimento, mas a boca dos insensatos se apascenta de estultícia" (Provérbios 15:12,14). Ninguém gosta de ser corrigido, mas todos nós precisamos de amigos que nos amam tanto que mostram os nossos erros: "Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos" (Provérbios 27:5-6).
Paulo mostrou aos coríntios que, mesmo entre pessoas religiosas, é necessário evitar influências negativas: "Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes" (1 Coríntios 15:33). No caso dos coríntios, alguns irmãos estavam espalhando doutrinas falsas, negando a ressurreição dos mortos. O fato de alguém participar de uma igreja ou se dizer cristão não é garantia de uma amizade saudável e edificante. Alguns aproveitam a amizade para induzir outros a aceitar doutrinas e religiões falsas. Moisés avisou sobre parentes e amigos que incentivam os servos de Deus a servir outros deuses e mandou que não concordassem, nem ouvissem, nem olhassem com piedade para aqueles falsos professores (Deuteronômio 13:6-8). Temos que julgar a árvore pelos frutos (Mateus 7:15-20), retendo o que é bom e nos abstendo de toda forma de mal (1 Tessalonicenses 5:21-22).
Uma vez que escolhemos bons amigos, devemos ser bons amigos! As Escrituras nos aconselham sobre as responsabilidades de companheiros fiéis. Amigos contam com a presença uns dos outros: "Mais vale o vizinho perto do que o irmão longe" (Provérbios 27:10). "O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos" (Provérbios 15:30). Por outro lado, não devemos abusar da amizade, causando aborrecimentos: "Não sejas freqüente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça" (Provérbios 25:17). Não devemos abandonar nem trair os nossos amigos (Provérbios 27:10). Amigos verdadeiros não são interesseiros, mas aqueles companheiros fiéis que ficam nos bons tempos e nos maus: "Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão" (Provérbios 17:17). A amizade verdadeira traz benefícios mútuos: "Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo" (Provérbios 27:17).
As orientações bíblicas são valiosas para nos guiar em fazer e manter boas amizades.
Exemplos de amizades boas e más
Deus nos ensina, também, por exemplos. Três gerações da mesma família servem como exemplos de amizades boas e más. Considere estes casos:
Davi e Jônatas. Talvez a mais conhecida amizade na história seja a de Davi com Jônatas, filho do rei Saul. O ciumento rei tentou matar o jovem Davi, escolhido por Deus como seu sucessor. Pelo mesmo motivo, Jônatas poderia ter olhado para Davi com inveja ou ódio. Se Deus não tivesse nomeado Davi, o próprio Jônatas seria rei depois da morte de Saul. Mas Jônatas não mostrou tais atitudes. Ele manteve uma amizade especial com Davi durante toda a sua vida. Quando Saul tentou matar Davi, foi Jônatas quem protegeu o seu amigo (1 Samuel 20). Davi lamentou amargamente a morte deste amigo excepcional (2 Samuel 1:17-27). Mesmo depois da morte de Jônatas, Davi mostrou bondade para com seu filho aleijado, Mefibosete (2 Samuel 9).
Amnon e Jonadabe. Amnon, um dos filhos de Davi, não escolheu seus amigos como o fez o seu pai. Ao invés de cultivar amizades boas e saudáveis, ele escolheu como companheiro seu primo Jonadabe (2 Samuel 13:3). Quando Amnon falou com este amigo sobre os seus desejos errados pela própria irmã, Jonadabe teve uma oportunidade excelente para corrigir e ajudar o seu primo. Infelizmente, ele fez ao contrário. Ele "ajudou" Amnon a descobrir uma maneira de estuprar a própria irmã! Além de levar Amnon a humilhar e odiar a moça inocente e a magoar profundamente o seu pai (2 Samuel 13:4-21), o conselho de Jonadabe levou, afinal, à morte do próprio Amnon (2 Samuel 13:22-36). Jonadabe até teve coragem de tentar confortar Davi depois da morte de Amnon! Que amigo!
Roboão e seus colegas. Roboão, neto de Davi, se tornou rei depois da morte de Salomão. No início do seu reinado, ele procurou conselho de várias pessoas antes de tomar uma decisão importantíssima. Ele valorizou a amizade com seus colegas acima da sabedoria dos homens mais velhos e experientes (1 Reis 12:7-11). A "ajuda" destes amigos contribuiu para a divisão do reino e diminuiu muito a influência de Roboão. Nossos amigos podem falar coisas que nos agradam, mas devemos dar ouvidos à sabedoria de pessoas mais sábias!
O que aprendemos?
De tudo que a Bíblia fala sobre amizades, devemos aproveitar algumas lições importantes. Entre elas:
Œ Escolher cuidadosamente os nossos amigos, evitando amizades que nos levariam ao pecado.
Valorizar amigos que nos corrigem quando erramos.
Ž Cortar amizades que prejudicam a nossa vida espiritual, especialmente quando os "amigos" incentivam o pecado e participação em religiões falsas.
Ser amigos fiéis e de confiança, especialmente nos momentos difíceis quando os amigos mais precisam de nós.
Sempre manter nossa relação com Deus acima de qualquer amizade humana, confessando a nossa fé no meio de uma geração perversa.
Quando se trata de amizade, devemos valorizar qualidade, e não quantidade: "O homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas há amigo mais chegado do que um irmão" (Provérbios 18:24).
SERDES AMIGOS DE DEUS, ELE TE INDICARA O VERDADEIRO AMIGO
O que, afinal, é amizade? E o que faz com que duas pessoas se tornem amigas? Amizade é um amor puro, que surge da afinidade entre duas pessoas; afinidade essa que pode estar no seu passado (uma história de vida parecida), no presente (a mesma maneira de pensar) ou no futuro (objetivos parecidos ou complementares). De qualquer forma, a amizade nasce quando reconhecemos no outro parte de nós mesmos, e quando o outro reconhece em nós parte de si.
Há uma amizade citada na Bíblia, no entanto, que é muito particular. Um caso – e um só, em toda a Bíblia – em que Deus chama um ser humano de amigo. E ouvimos isso Dele próprio.
Abraão é um dos personagens mais marcantes da história bíblica. Isto porque, ele foi chamado por Deus para ser o pai dos judeus, povo de onde viria o Seu filho. Sua vida de fé, obediência e intimidade com Deus, fez com que ele alcançasse, não só o título de “pai dos judeus” e “pai da fé” como também, se tornasse o único personagem da Bíblia chamado de “amigo de Deus”.
Abraão desenvolveu, ao longo de sua vida, uma relação de amizade com Deus. A amizade entre Deus e Abraão nasceu de uma relação de confiança mútua. O elemento-chave do relacionamento entre Deus e Abraão foi a fé. Abraão aprendeu a viver por fé, devido a sua capacidade de obedecer à palavra de Deus. Além disso, várias passagens bíblicas descrevem Abraão como amigo de Deus como, por exemplo, esta, “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi, semente de Abraão, meu amigo,” (Is 41:8).
“Abraão, meu amigo”. Essa expressão produz uma forte impressão. Deus chamando um homem de amigo! E por que, afinal, Deus o chama de amigo?
À primeira vista, podemos dizer que foi a obediência que fez Abraão se tornar amigo de Deus. Mas será que é apenas isso? Há muitos outros homens e mulheres que obedeceram a Deus, mas nenhum foi chamado de amigo de Deus, senão Abraão. Portanto, precisamos buscar se há algo mais em Abraão que possa tê-lo feito amigo de Deus e, se há algum lugar em que buscar isso é no livro de Gênesis.
Esse evento está descrito em Gênesis 22:1-18, resumindo-o Deus manda Abraão sacrificar seu filho Isaque num monte que Ele lhe mostraria. Abraão anda até lá com seu filho, e quanto se propõe a sacrificá-lo, Deus o impede, providenciando um carneiro para ser sacrificado em seu lugar; e diz a Abraão que, por Abraão não ter negado seu único filho, que ele seria grandemente abençoado.
É aí que vemos que, na verdade, a amizade entre Deus e Abraão não é diferente da que conhecemos, pois surge também da afinidade entre eles. Como Abraão, Deus se dispôs a sacrificar Seu próprio filho em favor de outros; como Abraão, Seu filho era o que Deus mais amava. Entretanto, se Isaque foi poupado, o filho de Deus não o foi, pois não havia um cordeiro para ser sacrificado em seu lugar, já que ele mesmo era “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29).
Assim, Deus e Abraão compartilhavam uma mesma história, e isso fazia de Abraão um amigo de Deus.
E como conseguir hoje ser amigo de Deus, assim como Abraão foi? Para isso, Cristo nos deixou o Seu mandamento: “ O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que vos mando.” (Jo 15:12-14); amor que o levou a dar a sua própria vida. A partir do momento em que amamos assim, em que nos dispomos a amar em prejuízo até da própria vida, compartilhamos com Cristo sua motivação e sua história; ao obedecermos ao Seu mandamento, passamos a ter algo em comum com Ele; e assim nos tornamos seus amigos.
Por tanto, não é a obediência em si que nos faz amigos de Cristo, mas o que ela significa; não é o mandamento em si que ganha a Sua amizade, mas compartilhar Suas intenções e Seu amor; somos amigos de Cristo quando vivemos o que Ele viveu, quando andamos como Ele andou, quando Ele é, através de nós, tudo o que é e foi: amor, pureza, luz, graça e verdade